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quinta-feira, 3 de maio de 2012



Existem certos lugares que por razões circunstanciais acabam por protagonizar acontecimentos de vária índole, nomeadamente no campo das artes, para as quais se podem tentar encontrar justificações sem que no entanto estas forneçam uma resposta plenamente abrangente. E isto porque em dados momentos essas razões tomam a forma de imponderáveis que não se conseguem identificar claramente, mas que no fundo acabam por potenciar o que aí aconteceu, como se de imanências do lugar se tratasse.

De facto, o Convento de Nossa Senhora dos Remédios dos Carmelitas Descalços, hoje também conhecido por Convento dos Marianos, é um desses lugares. Ao longo dos seus quatro séculos de existência – o primeiro templo é do início do Sec. XVII (1613) – foi palco de uma notável sequência de acontecimentos históricos, não só pela sua fundação ser devida a Stª Teresa d´Ávila e pela renúncia dos padres Carmelitas que aí foram tiveram lugar, até à aquisição pela Pulvertaft & Co como forma de salvaguardar os bens da Igreja Lusitana.
Foi já no séc. XX, que parte das suas instalações, entretanto remodeladas, vieram a acomodar ateliers de pintores, escultores e arquitectos, onde uma plêiade de artistas exerceu, e em alguns casos ainda exerce a sua actividade. E apesar de aí não se cultivar um ambiente de tertúlia artística, a verdade é que acabava por perpassar por todos que no local trabalhavam, o conhecimento daquilo que os outros faziam e das opções que cada um seguia no campo artístico e cultural, criando desta maneira um sentimento comum, que no mínimo tomava a forma de uma certa cumplicidade. Foi assim que vários percursos individuais foram acontecendo e assumindo a seu tempo o protagonismo que lhes era devido.

Por ter participado nessa vivência desde o tempo dos bancos da Escola Superior de Belas Artes (ESBAL) e ter tido a oportunidade de ser um observador privilegiado dessas trajectórias artísticas e da relevância do seu contributo no domínio das artes plásticas em Portugal, pareceu-me que seria importante tentar reunir os seus autores numa sequencia de mostras e partilhar assim com o público, e em particular com o da academia Universidade Lusíada, este microcosmo cultural que o Convento dos Marianos foi no passado sec, XX – projecto este que mereceu desde logo o amável e interessado apoio do Senhor Professor Doutor Ricardo Leite Pinto.

A ordem que se tem dado a essa sequência de exposições, não obedece a nenhum critério a não ser à amável disponibilidade dos artistas convidados.  De resto, face À dimensão das personalidades em causa, seria difícil encontrar outro critério no roteiro que a arte traçou neste lugar que não fosse este imperativo de dar disso conhecimento.
Rodrigo Ollero 

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